Mulheres de opinião, mulheres que falam

 

O Sindpd-RJ participou ontem, na sede da CUT-RJ, de atividade organizada pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da central. “Mulheres de opinião, mulheres que falam”, foi o tema escolhido para o debate, que durou o dia todo. Confira a nota da CUT-RJ sobre o evento: Fechando as comemorações do mês da mulher, a CUT-RJ recebeu nesta […]


Publicado por em 01/04/2011.

O Sindpd-RJ participou ontem, na sede da CUT-RJ, de atividade organizada pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da central. “Mulheres de opinião, mulheres que falam”, foi o tema escolhido para o debate, que durou o dia todo. Confira a nota da CUT-RJ sobre o evento: Fechando as comemorações do mês da mulher, a CUT-RJ recebeu nesta terça-feira (29) em seu auditório dezenas de mulheres para um rico debate organizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da central. Durante todo o dia, foram debatidos temas de extrema importância para a luta das mulheres por sua emancipação. Na abertura, Virgínia Berriel, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ, fez um balanço das atividades das quais as mulheres cutistas participaram ao longo do mês de março. Este ano, como o Dia Internacional da Mulher caiu na terça-feira de carnaval, boa parte da programação se concentrou nos blocos de carnaval. As mulheres marcaram presença nos blocos dos bancários do Rio, Sinttel-Rio e Sinpro-Rio, além de um bloco de Campos, no Norte Fluminense, onde aconteceu também uma versão da plenária Mulheres de opinião, mulheres que falam. O debate na CUT-RJ seguiu com a exposição feita pela socióloga Márcia Agostini, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, da Fiocruz. Ela relatou sua trajetória como pesquisadora da questão do trabalho doméstico. “Os compromissos com o trabalho doméstico empurram a questão social, coletiva e política das mulheres para o segundo plano”, afirma Márcia. Esse trabalho detectou também a questão da perda gradativa da saúde como uma questão central, mas muitas vezes invisível, já que as jornadas duplas, e até triplas, de trabalho a que são submetidas as mulheres vão provocando progressivamente cansaço, dor, sofrimento e solidão. A socióloga apresentou ainda o vídeo Mulher Trabalhadora, Mulher de Opinião. Coube a dirigente nacional da CUT e da Contag, Carmem Foro, fazer a explanação seguinte. Ela começou saudando o fato de o Brasil ter eleito pela primeira vez uma mulher presidenta da República. “Todos nós sabemos o quando foi difícil, o quanto foi dura a campanha, com todas as discriminações de gênero sofrida pela Dilma. Mas valeu a pena, abrimos uma porta gigantesca”, comemora Carmem, que é secretária nacional de Meio Ambiente da CUT. Ela falou dos preparativos para a realização da 4ª Marcha das Margaridas, marcada para 16 e 17 de agosto, em Brasília, na qual são esperadas 100 mil mulheres. A marcha, que aconteceu pela primeira vez no Brasil no ano 2000, foi inspirada na Marcha Mundial das Mulheres, e tem o nome de Margarida em homenagem a uma militante do campo assassinada pelos usineiros da Paraíba. – Depois de termos contestado o modelo de desenvolvimento neoliberal na primeira marcha, nos tempos de FHC, e batalhado contra a violência sexista, a pobreza e a fome e lutado pela titulação da terra, saúde e educação, nas outras marchas, agora temos dois grandes objetivos na 4ª Marcha: pelo lado político, as políticas públicas e a disputa pelo modelo de desenvolvimento que nos interessa; pelo aspecto organizativo, queremos aumentar o nível de organização das mulheres. Mulheres, creches e movimento sindical A segunda mesa do dia abordou dois temas de grande importância para as mulheres do século 21: a universalização das creches e a participação no movimento sindical. Ao apresentar os temas, Virgínia Berriel falou sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam para exercer um papel protagonista na sociedade: “As companheiras precisam sair dos locais de trabalho e entrarem na direção dos sindicatos. Mas elas, geralmente, têm medo de perder o emprego, têm os filhos e a casa pra cuidar, sofrem preconceitos”. Em seguida, a jornalista e educadora Léa Tiriba deu uma verdadeira aula sobre a importância das creches e a história das políticas de educação infantil no Brasil. Léa tem mestrado e doutorado em educação, é professora da UniRio e coordenadora do Fórum Estadual de Educação Infantil do Rio de Janeiro. Segundo ela, já passamos da fase em que a educação infantil era vista como um direito da mulher trabalhadora pois a Constituição de 1988 já a reconhece como um direito da criança. “A creche não pode apenas atender às necessidades das mães, dar comida, banho e fazer dormir, mas também atender às necessidades das crianças, ensinar, divertir”, afirmou. Sobre a situação atual da educação infantil no Brasil, a professora usou o município de São Gonçalo como exemplo negativo do que está acontecendo em boa parte do país: uma grande ampliação do atendimento de baixo custo, também chamado de “educação pobre para pobre”. De acordo com ela, nesta cidade com mais de 1 milhão de habitantes há apenas três creches públicas e 40 comunitárias conveniadas (que recebem verba da prefeitura para funcionarem), ou seja, o poder público prefere ampliar o número de creches subsidiadas do que criar escolas com professores qualificados, concursados e bem remunerados e toda a infraestrutura necessária. Sobre a responsabilidade dos governos diante deste quadro preocupante Léa reconhece o emprenho do governo federal, mas acredita que a política de educação infantil do Rio está cada vez pior. “O governo federal tem sido capaz neste tema. A Dilma prometeu seis mil creches e ontem mesmo anunciou verba para instalação de novas unidades. Mas não podemos esquecer que quem toca a política de educação infantil são os municípios”, ponderou. Após exibir um vídeo sobre o trabalho em algumas creches “modelos” e responder a perguntas das mulheres sindicalistas sobre o tema, Léa concluiu sua palestra defendendo uma transformação no modelo hegemônico de educação infantil: “As escolas surgiram dentro da lógica da Revolução Industrial junto com os presídios, os hospícios e os quartéis e criaram uma sociedade que, ao mesmo tempo, produz desigualdade social e degradação ambiental. Nós estamos criando prisioneiros e a luta para mudar este modelo de educação não é apenas dos professores, é de toda a sociedade”. Antes do encerramento do evento Mulheres de opinião, mulheres que falam, as sindicalistas Cida (Seeb-Rio) e Luiza Dantas (Sintsaúde-RJ) falaram sobre a participação das mulheres no movimento sindical. Fonte: Imprensa CUT-RJ